A partir desse dia 26 de fevereiro não se assuste se observar uma nova estrela no céu, não se trata de uma Supernova mas possivelmente de um flare de um Satélite Geoestacionário.
A Temporada de Flares de Satélites Geoestacionários ocorre ao redor dos Equinócios de Outono e Primavera, quando o Sol cruza o plano do Equador Celeste que Também é o plano da órbita dos geoestacionários. Assim entre os dias 26 de Fevereiro a 13 de Abril a luz solar atinge os painéis solares desses satélites em ângulo correto para produzir um flare pouco antes dos satélites entrarem na sombra, Umbra, da Terra e podem durar vários minutos. É um raro momento em que esses satélites podem se tornar visíveis a olho nu.
Satélites Geoestacionários da família Astra
créditos: M. Rudolf
Essa temporada de flares foi descoberta em abril de 1999 quando o astrônomo amador brasileiro Paulo Cacella relatou ter observado a olho nu pontos luminosos que se pareciam com estrelas. Alcir Carra, também brasileiro, confirmou a observação poucos dias depois e chegou a propor que de fato eram estrelas pois a opção alternativa seriam geosatélites brilhando a magnitudes visíveis o que até então era desconhecido.
[arve url=”https://vimeo.com/22434396″ /]
Time lapse da sequência de flares de satélites geoestacionários.
Roland Stalder, Suíça, 2011
Apesar de um ceticismo inicial por parte da comunidade internacional de observadores de satélites por fim foi confirmado (após recorrentes observações) que de fato os dois brasileiros haviam observado flares de geosatélites.
Foi Rainer Kresken da ESA quem solucionou a questão, a resposta era que em algumas vezes ao ano (um pouco antes ou depois Equinócios) ocorre a “Temporada de Flares” de Geosatélites porque então o Sol está no (ou perto) do plano do cinturão dos geosatélites (Equador Celeste) iluminando suas superfícies reflexivas e painéis solares.
[arve url=”https://youtu.be/zwTKesUEKSQ” /]
Avanço da sombra da Terra no cinturão dos Satélites Geoestacionários
Kresken determinou que há uma data ideal para a observação destes flares de acordo com a latitude do observador:
Equinócio de Outono | Equinócio de Primavera | |||
Latitude | Data Ideal | Latitude | Data Ideal | |
+80º | 27/Fev | -80º | 01/Set | |
+60º | 01/Mar | -60º | 04/Set | |
+40º | 06/Mar | -40º | 09/Set | |
+20º | 13/Mar | -20º | 15/Set | |
0º | 20/Mar | 0º | 23/Set | |
-20º | 28/Mar | +20º | 30/Set | |
-40º | 03/Abr | +40º | 07/Out | |
-60º | 08/Abr | +60º | 12/Out |
Para onde olhar no céu para observar os flares?
A região do céu em que satélites geoestacionários estão prestes a entrar na umbra em determinado dia e horário pode ser calculada na Calsky, basta inserir o dia e horário desejado em “Select start of calculation” e clicar em “Go”, o resultado estará em “Optimal coordinates” na tabela ao final da página:
– https://www.calsky.com/cs.cgi/Satellites/10/1?obs=36812900386667
A observações desses flares também possuem utilidade pois muitos geoestacionários já foram desativados e por vezes ocorre de suas posições se tornarem inacuradas e até mesmo ocorre de serem perdidos!
Também é muito interessante tentar criar um time lapse da sequência de flares dos satélites, se os amigos que acompanham a BRAMON conseguirem esse registro por favor não se esqueçam de compartilhar conosco.
Mais informações em:
– https://apod.nasa.gov/apod/ap120411.html
– http://www.usask.ca/rasc/Geosyncs.html
–http://www.intelsat.com/tools-resources/library/satellite-101/eclipse-seasons/