– Passou mais um meteoro. Ali! – E nem completa o movimento do barça ao apontar e já se foi o brilho. – Onde? -Pergunta alguém do grupo. – Ali! Perto daquela estrela! Passou entre aquelas duas. Lá!
“Perto daquela estrela”, “entre aquelas duas estrelas, ali”. Podem ser informações úteis para um registro mais informal, mas não ajudam a perceber integrantes de um mesmo enxame de meteoros. Aliás, que parâmetros são usados para se caracterizar as órbitas destes?
Esta pequena série de posts abordará, a cada semana, os elementos orbitais. Entenderemos aos poucos as informações que ajudam a identificar meteoros como sendo membros de um mesmo grupo. É como se os meteoros tivessem nome, sobrenome e RG.
Teremos: longitude do nó ascendente(Ω), inclinação orbital (i), argumento do periastro (w), semi eixo maior da órbita (a), excentricidade da órbita (e) e Anomalia média da época (Mo).
Ilustração com os elementos orbitais
Sujeitos às Leis da Gravitação universal, às Leis de Kepler, às Leis da Termodinâmica e outras leis universais, os meteoróides possuem órbitas que dependem de suas interações com cometas, asteróides, planetas, luas e Sol. Isto força às alterações em seus elementos orbitais. Os meteoros earthgrazers, por exemplo, adentram a atmosfera terrestre num ângulo tão raso, que são capazes de percorrer centenas de quilômetros em plena queima e depois retornar ao espaço interplanetário tendo sua órbita alterada nesta passagem tão próxima à Terra.
Antes de iniciarmos as descrições dos elementos orbitais em si, é necessário definir um conceito que será usado como base nos desenvolvimentos futuros: o Ponto vernal.
O Ponto vernal é uma das posições no céu, marcadas pelo instante da passagem do Sol pelo equador celeste. para este ponto em especial, isto ocorre por volta do dia 21 de março e dá início à primavera no hemisfério norte e outono no hemisfério sul. Devido à precessão dos equinócios, hoje este ponto se encontra na constelação de peixes, mas ainda sim, poderá ser chamado de Ponto de Áries ou simplesmente, ponto gama (). O ponto vernal não é fixo, movendo-se num ciclo de 25800 anos.
O equador celeste e a eclíptica se cruzam em dois pontos diametralmente opostos na esfera celeste: ponto vernal e ponto de libra (que na verdade está na constelação de virgem, pelo mesmo efeito de precessão do equinócio). O ponto vernal é o início da contagem das coordenadas de Ascensão Reta, para o sistema equatorial e o início da contagem da longitude eclíptica, no sistema eclíptico.
A partir dos próximos posts da série, entenderemos como as informações orbitais ajudam-nos a descobrir se, um dado meteoro, participava ou não de um grupo definido de meteoróides ou mesmo de uma chuva específica. Para tanto, vamos entender os parâmetros orbitais buscando uma integração prática de tais conceitos.
Bons céus a todos!
Meteoros: nome, sobrenome e RG! – Parte II
Imagens sob Licença: CC 3.0. Compilação e Edição: Lauriston Trindade
[…] periastro, medido no plano de órbita do meteoróide. Se tivermos órbitas equatoriais não teremos nodo ascendente. Para objetos em órbita do Sol, teremos o nome deste elemento como Argumento do […]