A lua nova em 6 de janeiro de 2019 cria ótimas condições para observação do máximo da chuva dos Quadrantídeos, que é esperado para o dia 4 de janeiro. Para muitos lugares no hemisfério Norte, o radiante é circumpolar. Já para muitos lugares no hemisfério sul, o radiante estará invisível pelo nascer do Sol. O pico ocorrerá na longitude solar de 283.16º, estando fixado para 02h UTC de 4 de janeiro de 2019. Essa determinação foi feita a partir dos dados visuais coletados pela IMO desde 1992 e por dados de rádio desde 1996. A data do pico coincide com também com a máxima aproximação da trilha de detritos, calculada por Jérémie Vaubaillon para a Longitude Solar de 283.17º. O pico desta chuva tem curtíssima duração. Estimada em apenas 4 horas. Isso significa que é muito fácil perder o máximo da atividade se o observador não estiver num local dentro da “janela” ótima de observação. Esta chuva tem particularidades complexas, como minúsculas partículas combinadas de duas origens: o asteroide 2003 EH1 e o cometa 96P. Isto gera atividade tênue que somente pode ser registrada por observações telescópicas e por rádio, 14h antes do pico visual. Em 2016, uma segregação de massa gerou um pico secundário. Em algumas ocasiões, atividade em rádio foi reportada entre 9-12h do máximo visual. A atividade dos QUA tende a ser baixíssima fora do dia do pico. A lua nova ajudará no monitoramento dos dias subsequentes que poderão ajudar a entender a dinâmica da trilha de meteoroides.
Posição do Radiante QUA, como visto de Fortaleza-CE em 04/01/2019 às 4h30min (hora local)
Radiante QUA com 0º de elevação, como visto de São Paulo-SP em 04/01/2019 às 5h30min (hora local).
Visão de topo: as órbitas de alguns planetas junto com as órbitas do asteroide 2003 EH1 e a órbita média dos QUA.
Visão Plano orbital: as órbitas de alguns planetas junto com as órbitas do asteroide 2003 EH1 e a órbita média dos QUA.
Detalhe das órbitas do asteroide 2003 EH1 e da órbita média dos QUA.
Detalhe das órbitas do asteroide 2003 EH1 e da órbita média dos QUA.
Aqui no Brasil é bem difícil acompanhar a chuva de meteoros QUA. O primeiro fator complicador é a posição muito boreal do radiante. Isso implica que somente os observadores de baixas latitudes tem alguma chance. Outro fator que conta na dificuldade de registros de tais meteoros é o intervalo de tempo do pico ser extremamente curto (4h). Isso faz com que em muitos anos, a ocorrência esteja fora das longitudes onde se situa o Brasil. E por fim, um fator crítico na observação desta chuva de meteoros é o fator climático. Já dentro do Verão, o Brasil, de Norte a Sul, está tomada de calor e umidade, favorecendo nebulosidade.
A chuva dos Quadrantídeos é muito intensa, em 2019, são esperados 120 meteoros por hora. Um verdadeiro espetáculo.
Dados gerais para os QUA em 2019:
Atividade: 28 de dezembro a 12 de janeiro
Máximo: 4 de janeiro 02h20min UTC
TZH: 120 (pode variar de 60 – 200)
Radiante: A.R.: 230º, Dec: +49º
Velocidade geocêntrica: 41km/s; r = 2.1 no máximo, mas é variável durante a chuva.
Dados orbitais para os QUA:
Solar Longitude: 282.8º
RA: 229.1º; Dec: +50.4º
Vg: 40.7km/s
a = 2.98 UA
q = 0.977 UA
e = 0.673
Peri = 173.8
Node = 282.8º
i = 71.0º
Referências:
(Jenninkens et al, 2016) http://adsabs.harvard.edu/abs/2016Icar..266..331J
Dados orbitais Quadrantídeos: http://pallas.astro.amu.edu.pl/~jopek/MDC2007/Roje/pojedynczy_obiekt.php?kodstrumienia=00010&colecimy=0&kodmin=00001&kodmax=01032&sortowanie=0
Previsão da atividade QUA para 2019: 2019 Meteor Shower Calendar. IMO.
Imagens: Stellarium e Universe SandBox 2. Edição e tradução: Lauriston Trindade.
Lauriston Trindade é graduando em Física pela Universidade Estadual do Ceará. Integrante da BRAMON desde 2015. Membro da International Meteor Organization. Co-descobridor de chuvas de meteoros.