O grande bólido visto no Ceará na manhã do último dia 10 de outubro foi gerado pela entrada na atmosfera de uma rocha espacial com cerca de 500 kg viajando a mais de 100 mil km/h. É o que afirma a BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros com base na análise dos vídeos do evento e dos dados captados pelo satélite geoestacionário GOES-16. Ainda segundo a BRAMON, a rocha provavelmente foi completamente vaporizada na passagem atmosférica e não deixou meteoritos em solo.
Ajudou na confirmação dos dados um vídeo feito de um veículo na Serra de Aratuba, que mostra o bólido em alguns quadros. O vídeo pode ser conferido abaixo:
Dados do Satélite
Os dados do satélite GOES-16 disponibilizados pela NASA no último dia 23 mostram os dados de deslocamento e energia luminosa gerada pelo bólido. Os dados foram utilizados para calcular a trajetória e a energia liberada pelo bólido.
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Dados do GOES-16 disponibilizados pela NASA
Trajetória
A partir da triangulação do vídeo registrado pelo Clima ao Vivo em Fortaleza e os dados do satélite, foi possível determinar a trajetória do trecho mais energético do bólido. A primeira detecção do bólido ocorreu quando ele estava a cerca de 60 km de altitude, sobre o município de Caridade. Ele seguiu na direção norte numa inclinação de aproximadamente 50° a 104 mil km/h (28,9 km/s), até desaparecer a cerca de 30 km de altitude sobre o município de Pentecoste. Esse trecho detectado pelo satélite tem 40 km de extensão e foi percorrido em 1,35 segundos, mas provavelmente ele foi visível por mais tempo antes e depois desse trecho, mas não gerou energia suficiente para ser detectado pelo satélite.
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Trajetória calculada pelos dados do satélite – Créditos: BRAMON
Não devem haver meteoritos
Os dados da energia do bólido disponibilizado pela NASA, nos permite estimar uma energia total equivalente a 50 toneladas de dinamite (0,05 kton). Para gerar essa energia, um meteoroide viajando a 28,9 km/s precisaria ter massa em torno de 498 kg, o que seria uma massa razoável que poderia ter deixado meteoritos em solo no município de Caucaia. Entretanto, este bólido provavelmente não deixou meteoritos em solo.
Simulações matemáticas feitas a partir dos dados deste evento, mostram que em condições normais, toda a massa do meteoroide deve ter sido vaporizada durante a passagem atmosférica. Mesmo variando alguns desses parâmetros, considerando a imprecisão dos dados, a simulação indica que a energia do bólido gerou calor suficiente para desintegrar completamente a rocha.
Estes dados ainda podem ser ajustados e recalculados caso surjam novos vídeos que permitam o refinamento da trajetória.