Os Encontros Nacionais de Astronomia, ENASTs, são os espaços onde astrônomos profissionais, amadores, entusiastas, estudantes e educadores podem compartilhar experiências e pesquisas em Astronomia no Brasil. Os encontros mantém o formato anual desde 1998. Comissões locais, apoiadas por um conselho nacional, organizam os eventos. Realizados preferencialmente no mês de novembro de cada ano, aproveitando combinações de feriados prolongados (sejam em Finados ou na Proclamação da República). Os ENASTstem formato de Seminário, com programações simultâneas onde os participantes se organizam através de prévia inscrição. São: ciclo de palestras, trabalhos acadêmicos, oficinas, minicursos, exposições de pôsteres, astrofotografias, instrumentos, observações telescópicas, apresentações artísticas entre outros. A média de público nos encontros é de 200 a 300 participantes. O evento desperta também grande interesse do público e dos meios de comunicação local. Nesta vigésima edição, o evento volta ao Rio de Janeiro. A última edição no estado foi em 2007.
Nesta edição, a exemplo do ocorrido em 2016 (ENAST João Pessoa – PB) a BRAMON integra a lista de parceiros.
Parceiros do ENAST 2017
As parcerias que se estabelecem são importantes para a legitimidade e explícita demonstração da manutenção do evento que tanto tem ajudado na consolidação as Astronomia no país.
Este ano, no quadro de palestrantes temos ampla diversidade de temas e abordagens. Fechando a completa cadeia de produção científica. Onde temos pesquisadores profissionais e amadores mesclando-se com impostantes figuras da divulgação científica no país.
Quadro de Palestrantes do ENAST 2017.
A BRAMON está inscrita com 3 trabalhos e palestra de Renato Poltronieri “Montagem de Estação BRAMON”
Encontreitor: A Revolução Brasileira na Busca de Radiantes. Resumo: Em Março de 2017 a Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) anunciou a descoberta de dois novos Radiantes. A metodologia utilizada na descoberta desses dois radiantes era complexa. Ela envolvia observações visuais de dados e a realização de inúmeros cálculos manuais. Buscando minimizar esse esforço foi desenvolvido um software para auxiliar no processo de busca de novos Radiantes, o Encontreitor. Em pouco tempo o software demonstrou sua incrível capacidade de encontrar novos Radiantes, superando em muito as expectativas iniciais. A aplicação foi responsável pela descoberta de 23 novos radiantes já analisados e aprovados pela Meteor Data Center (em pro tempore). Além disso, outros 75 radiantes descobertos se encontram em análise atualmente pelo Meteor Data Center e outros 12 estão em fase de finalização. Serão assim 110 novos radiantes descobertos. Um valor que representa mais de 10% de todos os radiantes já descobertos. Muito além da automatização de cálculos, o Encontreitor se apresenta como uma nova alternativa na busca de radiantes. Essa nova metodologia usa dados orbitais, algorítimos de clusterização, análise combinatória e validação contra base de dados. Dessa forma foi criado um poderoso processo capaz de analisar simultaneamente a base de captura de diversas redes de vídeo-monitoramento de meteoros (EDMON, SONOTACO e BRAMON). Além da busca de novos radiantes, o software implementa ainda um novo mecanismo de validação de radiantes, o Valideitor. Em conjunto com o método Break Point, esse novo mecanismos de validação fornece dados importantes para o entendimento do radiante e confirmação do mesmo. O Encontreitor conta ainda com a capacidade de exportar dados orbitais para programas de simulação de Sistema Solar, como o Universe Sandbox, o que enriquece o entendimento dos dados processados e apresentados pelo software. Outros mecanismos importantes são a validação das informações contra base de dados da Jet Propulsion Laboratory e Meteor Data Center. Com esses mecanismos é possível realizar busca por corpos parentais e também testar o potencial novo radiante contra a base de radiantes já descobertos. O conjunto de todas essas ferramentas e possibilidades que elas geram, torna o Encontreitor uma ferramenta única e com capacidade para revolucionar o estudo de radiantes. |
AUTORES Leonardo Scanferla Amaral Carlos Augusto Di Pietro Bella Lauriston Trindade |
Epsilon Gruids: caracterização de uma das primeiras chuvas descobertas por brasileiros.
Em março de 2017 a União Astronômica Internacional validou as duas primeiras chuvas de meteoros descobertas por brasileiros, a epsilon Gruids e a August Caelids. Entre elas, a Epsilon Gruids foi percebida um ano antes, a partir de análise visual dos gráficos dos radiantes dos meteoros pareados (registrados em mais de uma câmera) da rede. Trata-se de uma chuva menor que foi validada com apenas 7 meteoros pareados ao longo de 3 anos de operação da BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros. Entretanto, após uma reclassificação de todos os meteoros da rede, pareados ou não, foi possível identificar novos exemplares do mesmo radiante. A partir dos meteoros pareados, foi possível extrair a velocidade geocêntrica desses meteoros, as coordenadas de sua passagem atmosférica e também seus parâmetros orbitais, que são: o semieixo maior da órbita (a), a inclinação da órbita em relação à eclíptica (i), a excentricidade da órbita (e), os nodos ascendente (∩) e descendente (∪); distância ao periélio (q) e o argumento do periélio (ω). A partir das capturas individuais, além da direção aparente do meteoro, foram calculadas suas velocidades angular e a magnitude aparente. Em função desses dados, foi traçado um perfil médio completo dos meteoros desse radiante e quantificado o número de meteoros registrados em função do tempo e com isso, estimada a população média dos meteoroides que compõe a trilha de fragmentos que, ao contato com a Terra, formam a chuva de meteoros epsilon Gruids, uma das primeiras chuvas de meteoros descobertas por brasileiros. |
AUTORES Marcelo Zurita Lauriston de Sousa Trindade Carlos Augusto di Pietro |
Estação OTTO/BRAMON – Implantação e Resultados Meteoro, nome dado ao evento astronômico luminoso no qual um fragmento de meteoroide vindo a partir de um asteroide ou cometa, entra em contato da atmosfera terrestre e acontece a formação de plasma, consumindo-o parcial ou completamente. Meteoros vem sendo estudados e monitorados por muitas redes de observações, como exemplo a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros-BRAMON . A estação OTTO1 que está situada na Universidade Estadual do Ceará-UECE, possui cãmera direcionada para azimute 139º, e elevação de 29º. Iniciou os registros em 12 de outubro de 2016. A estação de monitoramento é composta por materiais de baixo custo, como câmera de segurança, placa de captura e computador para o armazenamento dos dados, além de softwares para capturas e análises dos meteoros. Consolidando parceria da BRAMON com o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Astronomia-LEPA. Tendo como objetivo quantificar e qualificar meteoros a partir dos registros coletados e analisados na estação entre os dias 16 de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017, já foram obtidos 405 meteoros e tendo em suas análises 168 chuvas de meteoros diferentes. Além disso pode ser verificado as suas magnitudes onde sua média esteve entre (-3,0 a 3,9). Podemos também saber a distribuição de duração dos 405 meteoros: 145 foram de 0.1 s, por exemplo. Outro dado relevante é que o mês de julho obtivera a maior quantidade de registros com 88 meteoros e que dos 405 meteoros , cerca de 92% foram registrados entre às 00h e 08h (UTC). Apesar de uma única estação, foram obtidos registro diversas chuvas distintas de meteoros, como também poder observar o seu comportamento na atmosfera, onde foi observado de diversas magnitudes e durações, e também através da sua dinâmica que a grande maioria dos meteoros acontecem após a meia noite, além de possíveis novos trabalhos a respeito do corpo parental de cada radiante e a busca por novos radiantes. |
AUTORES |
O palco deste ENAST será o planetário da Gávea – Rio de Janeiro.
Planetário da Gávea. Foto: divulgação.
Planetário da Gávea. Foto: divulgação.
Planetário da Gávea. Foto: divulgação.
Para maiores informações: https://www.doity.com.br/20enast
Fotos: divulgação. Texto: divulgação ENAST. Edição: Lauriton Trindade