Meteorito Putinga e a Chuva de Pedras na Festa do Padroeiro

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Estranhos acontecimentos ocorreram na cidade de Putinga no dia 16 de agosto de 1937, portanto, há exatos 80 anos. Era uma bela tarde de domingo, todos estavam reunidos nas comemorações do dia do padroeiro São Roque. Putinga, que só foi emancipada 25 anos depois, nessa época era apenas uma pacata vila do município de Encantado, no Rio Grande do Sul.
Vila de Putinga em 1939 - Acervo Neuro Gheno

Vila de Putinga em 1939 – Acervo Neuro Gheno

O pequeno relógio da bela Igreja Nossa Senhora da Purificação marcava 16 horas e 30 minutos, quando um forte estrondo, precedido de um trovão prolongado e ensurdecedor, surpreendeu a todos. Seguiram alguns segundos de silêncio absoluto em que as pessoas buscavam nos olhares assustados uns dos outros uma explicação para o que houve. No céu, uma enorme trilha de fumaça escura cobriu a pequena Vila de Putinga.
Quadro de Gisela Schinke que retrata a queda do Meteorito de Putinga

Quadro de Gisela Schinke que retrata a queda do Meteorito de Putinga

– Castigo de Deus! Jesus voltando! Fim do mundo!
Todos buscavam explicações para o que havia ocorrido e não imaginavam o que ainda estava por vir: uma chuva de pedras. Poucos minutos depois, alguns viram pedras caindo do céu e outros só escutaram um zumbido seguido do barulho do impacto no solo. Era como se a vila estivesse sendo alvejada por tiros vindos do céu. A esse momento, o medo já se transformava em pânico.
Felizmente, morava ali um médico italiano chamado Dr. Vicenzo Guaragna. Como médico, ele não precisou atender ninguém. Mas como entusiasta dos assuntos da astronomia, foi o responsável por tranquilizar a todos explicando sobre o que se tratavam aqueles fatos: havia sido um meteorito que acabara de cair na região.
Naquela época, sabia-se ainda muito pouco sobre os meteoritos, mas já se sabia que se tratavam de rochas espaciais que caíam na Terra. Hoje, sabemos que todo o sistema solar é repleto de pequenos asteroides. Alguns passam perigosamente próximos ao nosso planeta, e outros, inadvertidamente se chocam com a Terra. Desses, a imensa maioria deles não chegam a tocar o solo. São completamente consumidos pela atmosfera e geralmente sequer são percebidos por nós.
Isso ocorre porque, no espaço, essas rochas viajam em velocidades extremamente altas. Algo entre 11 e 74 quilômetros por segundo. Ao atingir nossa atmosfera nessa velocidade, elas se aquecem quase que instantaneamente. O calor é tão intenso que a maioria delas se vaporizam completamente deixando apenas um rastro de fumaça. No caso de Putinga, o objeto era tão grande que esse rastro cortou o céu de um lado ao outro e, invés de se vaporizar, ele foi se partindo no caminho, gerando o barulho de explosão e a “chuva de meteoritos”.
No dia seguinte ao ocorrido, todos, seguindo recomendações do Dr. Vicenzo, foram procurar os meteoritos. E encontraram por toda parte. Alguns sobre o solo duro, outros em buracos de até 2 metros abertos na terra. No total, cerca de 300 quilos de meteoritos foram resgatados de Putinga e de localidades vizinhas.
Pedaço do Meteorito Putinga

Pedaço do Meteorito Putinga

Grande parte dos fragmentos do meteorito colhidos pela população foram encaminhados a vários centros de pesquisas, museus e bibliotecas do Brasil e de outros 12 países ao redor do mundo.

No fim, passado o susto, a população entendeu que havia recebido não um castigo, mas um presente dos céus. Algo que mudou a história daquela pequena vila, e tornou Putinga conhecida internacionalmente.

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