Um fireball rasante e bastante luminoso foi registrado por 23 câmeras da BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros, e do Clima ao Vivo em São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
O meteoro foi percebido inicialmente em uma das câmeras de monitoramento da estação IDS/MG em Patos de Minas, gerenciada pelo Ivan Soares. Ele chamou a atenção por sua aparente “lentidão”, o que fez com que algumas câmeras da BRAMON não gravassem o evento. Isso porque as estações da BRAMON são configuradas para só gravarem vídeos de objetos que possam ser meteoros e a velocidade é um critério de corte para evitar gravação de aviões, satélites e outros objetos mais lento que a maioria dos meteoros. A estação MAV2/MG gerenciada por Marco Antônio Vieira, também em Patos de Minas, conseguiu registrar um trecho maior do meteoro até ele desaparecer por trás de uma árvore.
Em São Paulo, a estação SMZ13/SP, gerenciada pelo atual presidente da BRAMON, Sérgio Mazzi, registrou o meteoro quase na vertical, surgindo alto no céu e caindo ao mesmo tempo que perdia velocidade até o ponto do sistema não gravar mais, devido à lentidão do objeto. Da mesma forma ocorreu na estação CPJ1/SP em São José dos Campos, gerenciada por Diego Rhamon.
Já em Osasco, na Grande São Paulo, a estação FGL1/SP, gerenciada por Denis Araújo, possuía uma configuração menos restritiva e conseguiu registrar os mais de 12 segundos do meteoro. Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a estação ASS1/RJ gerenciada por Anderson Silva fez um registro espetacular do fireball. Com uma câmera com o campo de visão mais estreito, ela registra em detalhes, o trecho final do meteoro até ele desaparecer completamente.
Fora essas, outras 17 câmeras do Clima ao Vivo, registraram a bola de fogo riscando o céu nos 4 estados do Sudeste. Confira o vídeo:
O fireball também foi fotografado pela câmera all-sky do Observatório Pico dos Dias, em Brazópolis, Minas Gerais, onde o meteoro parece cruzar a Via Láctea seguindo na direção nordeste até sumir por trás da cúpula do observatório.
Fireball e outros termos
Quando um pedaço de rocha espacial (meteoroide) atinge a atmosfera da Terra, devido à sua elevada velocidade, provoca o aquecimento e a ionização dos gases atmosféricos, gerando o fenômeno luminoso chamado de meteoro. Quando um meteoro é mais luminoso que o planeta Vênus, também podemos chamá-lo de fireball. Fireballs que terminam de forma explosiva, também são chamados de bólidos.
Na maioria das vezes, a rocha espacial é completamente vaporizada na passagem pela atmosfera, devido a um fenômeno chamado ablação atmosférica. Dependendo de certas condições, meteoroides maiores podem sobreviver à passagem atmosférica e chegar ao solo. Nesse caso, esses fragmentos de rocha espacial são chamados de meteoritos.
Trajetória
A partir da triangulação das imagens, a BRAMON calculou a trajetória do meteoro pela atmosfera. A rocha espacial atingiu a atmosfera às 03:46 (06:46 UT) da madrugada da segunda, 22 de março. Ele surgiu no céu a 79 Km de altitude sobre o município paulista de Guaratinguetá e seguiu na direção nordeste em uma velocidade de 54,3 mil Km/h (15,1 Km/s), num ângulo de apenas 12° em relação ao solo. Ele percorreu a distância de 187 Km em 12,4 segundos, até desaparecer a 40,2 Km de altitude sobre a zona rural de Ibertioga, em Minas Gerais.
Quando um meteoroide atinge a atmosfera em um ângulo muito baixo, ele demora mais para atingir as camadas atmosféricas mais baixas e densas. Por isso, ele resiste por mais tempo e alcança uma enorme distância, permitindo que várias câmeras, de locais diferentes possam registrá-lo.
No caso desse meteoro, o fato dele ser registrado em pelo menos 23 câmeras dos quatro estados da região Sudeste, parece ser um fato inédito no Brasil.